quarta-feira, 7 de novembro de 2012

O SALTO DO FLAMES


(Foto: Cissa Victal)
 
Equipe de saltense de futebol americano vem ganhando espaço no cenário paulista. Esporte conquista muitos adeptos no Brasil.
Por Eduardo Martins

Adorado nos Estados Unidos, o futebol americano ainda é pouco conhecido no Brasil, mas vem ganhando espaço no cenário esportivo nacional. O esporte estadunidense vem ganhando muitos adeptos a cada ano, que apreciam a diversidade de biotipos e o desafio mental que o esporte proporciona. Neste ano, 71 equipes profissionais estão federadas à Associação Brasileira de Futebol Americano, através das federações estaduais.
Entre elas está o Salto Flames. A equipe foi criada em 2008 por Felipe Gorzi, com nome de Flames Futebol Americano em Indaiatuba. Sem muita estrutura, Felipe conseguiu montar um time e disputar o Torneio Principal da Liga Paulista de Futebol Americano, em 2010, terminando em sexto. Um ano depois, a equipe se transferiu para Salto, onde firmou um acordo com a secretaria de Esportes da cidade, herdando o nome da cidade. Contando com o Estádio Amadeu Mosca para jogos e treinamentos, hoje o Salto Flames é uma das mais conhecidas equipes flag do interior paulista.

Equipe se preparando para o treino (Foto: Elton Santana)
Através de panfletagens e divulgação boca a boca, Felipe trouxe os primeiros atletas do clube. Entre eles estava o saltense Alexandre Marcondes, de 35 anos, que ficou interessado no novo clube em sua cidade e resolveu conhecê-lo. Apaixonado pelo esporte, Alexandre treinava no Spartans de São Paulo e ficou satisfeito com o novo clube criado na cidade: “Eu conheci através de divulgação e panfletagem em academia. Já tinha um tempo que eu estava atrás de um time, tanto é que meu primeiro contato foi em São Paulo. Então descobri o Salto Flames e vim conhecer. Fiquei e inclusive já disputei um campeonato pela equipe”, disse Alexandre que agora é técnico da equipe principal do Salto Flames.
Hoje, Salto Flames conta com quatro modalidades: o Flag 5x5 feminino, Flag 5x5 masculino (categoria de base), Flag 8x8 masculino, e mais recentemente o Full Pad, que é o futebol tradicional com equipamento. Os treinos são realizados no estádio Amadeu Mosca, em Salto. Para começar a treinar, o interessado deve entrar em contato por telefone (19 9150-8076), e-mail (contato@flaemsfa.com.br), ou pelo site do clube.
Muitos dos atletas do Salto Flames estão começando agora, como é o caso Luiz Gustavo Bertolini. O rapaz de 16 anos começou os treinamentos acompanhado do irmão e já está a mais de uma semana no time. “Eu assistia muito o Futebol Americano. Meu irmão conhecia o Alexandre e viemos aqui e gostamos. O mais interessante é que cada um tem sua função e todas são diferentes, o que é legal”, disse Gustavo.

Alexandre confessa que as dificuldades para divulgação são grandes pelo aspecto financeiro. Segundo o treinador, o trabalho boca a boca e as redes sociais são as principais ferramentas para trazer novos jogadores para o clube: “Hoje o Facebook é brincadeira, ajuda muito. E a gente faz muito boca a boca. Quando vemos um cara com um perfil bom, nós convidamos. E também contamos com o apoio da imprensa que divulga quando tem jogo ou peneira. Mas no dia a dia somos nós mesmo que fazemos a divulgação.”

Diversidade é um ponto forte

Um dos principais pontos positivos do futebol americano é a diversidade de biotipo de jogadores. O futebol é um dos poucos esportes que conseguem trazer em uma só equipe pessoas com tipos físicos diferentes, já que cada posição necessita de características diferentes. Com isso, a inclusão é muito maior em relação à outros esportes de ponta. “Nós vemos no futebol americano uma grande diversidade de pessoas. Grandes, fortes e magras, gordas e altas, que correm ou não correm. Cada um tem sua função dentro do time. É uma junção que acaba complementando tudo”, afirmou Erick Calça, técnico da equipe feminina e capitão da defesa da equipe principal.


Jovens treinando pesado sob o forte sol de
domingo (Foto: Elton Santana)
Alexandre Marcondes exalta essa característica do esporte. O treinador diz que a diversidade de biotipos dos atletas é essencial para compor um time. “O futebol Americano é um esporte coletivo que não tem preconceito contra nenhum perfil. Para todo o perfil tem uma posição. Essa diversidade é um dos pontos principais do esporte. Precisamos tanto do pessoal de 200 quilos até o pessoal de 50 quilos para correr”, disse o treinador.

Apesar da grande diversidade de atletas ainda existem os preconceitos sobre o esporte no Brasil. Muito pela falta de conhecimento das pessoas sobre o futebol. Segundo Alexandre Marcondes, os gordinhos são os que mais se esquivam quando convidados para praticar o esporte. Mal sabem eles que são peças importantes na equipe. “Eles acham que não podem praticar o esporte por serem pesados e passam vergonha. Mas é totalmente diferente. Os jogadores acima do peso são ídolos. Ninguém consegue passar por um cara de 180 ou 200kg. Eles são as muralhas do time, o camisa 10. O quarterback tem toda a pompa de craque do time, mas se não tiver a muralha para protege-lo, não consegue jogar. Mesmo assim são os que mais se participam dos treinamentos pois, quando chegam aqui vê que tem um monte de cara no perfil dele, e acaba automaticamente se incluindo no grupo”.

Começo com o Flag

Desenvolvido para minimizar lesões e baratear a prática do esporte, o Flag Football é uma versão com contato limitado do Futebol Americano. Com regras parecidas ao Futebol tradicional, a modalidade tem como diferença maior o pouco equipamento utilizado e forma de derrubar um atacante adversário. O marcador deve retirar uma fita presa à cintura do adversário para parar a jogada. O nome da modalidade veio da fita, que em Inglês é chamada de Flag.

 
Equipes participantes do Paulista Flag 2012
Equipes
Cidades
Araras Steel Hawks
Araras
Avaré Seme Mustangs
Avaré
Barretos Carcarás
Barretos
Brasil Devilz
Barueri
Piracicaba Cane Cutters
Piracicaba
Salto Flames
Salto
Guarulhos Red Warriors
Guarulhos
Lusa Rhynos
Guarulhos
São José Jets
São José dos Campos
Cronos Football
São Paulo
São Paulo Black Devil
São Paulo
Old Shool Football
São Paulo
São Paulo Silver Knights
São Paulo
São Paulo Sharks
São Paulo
São Paulo Tigers
São Paulo
Taubaté Big Donkeys
Taubaté
 



Mais simples que o futebol tradicional, o futebol flag foi a primeira modalidade praticada pelo Salto Flames. Sem necessitar de grandes equipamentos de proteção e por ser financeiramente viável, a modalidade foi escolhido pela diretoria para dar início às atividades. As características do Flag são interessantes e excelentes para uma os testes de uma equipe nova. “A simplicidade do equipamento, que é só a fita, é bom para um começo, que, financeiramente é viável”, revela Alexandre Marcondes.

Mesmo com a limitação, o futebol Flag é bem popular entre as equipes de futebol Americano no Brasil. No estado de São Paulo, o campeonato Paulista da modalidade, organizado pela Associação Pró-futebol Americano (APFA), contou com 16 equipes.
 

Jogador do Flames retira a fita do atleta do Mustangs pelo
Paulista Flag (Foto: Salto Flames)
 “Depois que você começa a jogar o flag você começa gostar, pois é tão legal quanto o Full Pad”, disse Everton Cisz, de 25 anos, que está no clube desde Fevereiro de 2010. “Cara, o flag é mais complicado ele é dinâmico que o full pad. Ao invés de você chocar com o cara para derrubá-lo e para a jogada, você tem que tirar a fitinha, que é muito complicado”, completou o jogador.


O Salto Flames disputou o Campeonato Paulista de Flag por duas vezes. Em 2011, a equipe saltense chegou às semifinais, mas foi derrotado pelo Palmeiras Locomotives. Este ano, o Flames não passou da primeira fase. O campeonato é disputado desde 2001. 
 




Todos campeões do Paulista de Flag
2011
Avaré Seme Mustangs
2010
Palmeiras Locomotives
2009
São Paulo Spartans
2008
Silver Bullets Team
2007
Sorocaba Vipers
2006
Metropolitan Locomotives
2005
Brazil Devilz
2004
São Paulo Sharks
2003
São Paulo Sharks
2002
São Paulo Sharks
2001
São Paulo Sharks
A
gora o objetivo da equipe é disputar o Campeonato Paulista Full Pad. Para isso o Salto Flames terá que passar por algumas dificuldades iniciais, como o custo elevado do equipamento: “No momento, cada jogador comprará seu equipamento para treinar. Com a troca de gestão na prefeitura, iremos conversar com o prefeito eleito para fazermos uma nova parceria”, disse Alexandre.

Hoje o Flames possui uma boa relação com o poder público. Além de ceder do Estádio Amadeu Mosca para treinamentos e jogos, a prefeitura ajuda financeiramente em outros aspectos. “Todos os campeonatos em que entramos a prefeitura paga todo o fardamento, alimentação, viagem. Ela ajuda muito”, completou Alexandre.




Futebol feminino

Mesmo com divulgação apenas por boca a boca e panfletagens, o Marketing do Salto Flames é eficiente. Todo treino jovens aparecem no estádio Amadeu Mosca para matar a curiosidade do esporte. Entre eles estão meninas, que curiosamente, também são apaixonadas pelo esporte.
 
Meninas do Flames fazem amistoso contra o Cronos
pelo Flag 5x5 (foto: Salto Flames)
Tanto, que neste ano, Salto recebeu o primeiro Campeonato Brasileiro Flag feminino 5x5 (cinco jogadoras em cada equipe). Nove equipes brasileiras participaram do torneio. O time sorocabano Palmeiras Locomotives Feminino se sagrou campeão ao bater o Fluminense FA Feminino na final.

Aline Oliveira, de 21 anos, é um grande exemplo da forte participação feminina no esporte. A atleta, que está na equipe há um ano e oito meses, diz que a impressão de jogo violento se dissipou quando ela conheceu melhor o esporte: “A gente sempre vê filme e acha que e só pancadaria, mas quando cheguei aqui vi que é muito diferente. O esporte prioriza muito a tática de jogo, como um jogo de xadrez. Só pancadaria ninguém vai a lugar nenhum. Foi uma surpresa, pois achei que fosse só pancadaria, mas é totalmente diferente”. 
Jogadoras se sentem a vontade no esporte de
grande contato (foto: Elton Santana)
Flávia Scalet, de 20 anos, foi uma das responsáveis por criar um time feminino no Flames. Por acompanhar o namorado Erick Calça nos treinamentos, a saltense pegou o gosto pelo esporte e ajudou na divulgação para as meninas. “A principio comecei a acompanhar o treino do Erick. Só ficava sentada observando, ou lançando a bola. Então ficamos empolgados e decidimos criar o time feminino. Os meninos deram total apoio. Divulgamos pela cidade, conseguimos algumas meninas e criamos o time. Começamos com um mínimo de meninas, até por que tem todo este preconceito do futebol americano, mas conseguimos um time e disputamos o brasileiro”.

Flávia comenta sobre a dificuldade em convidar meninas para o esporte. Segundo ela, o preconceito é a principal barreira para pratica do Futebol. “A maioria falava que não conseguiria jogar, ou que só homem poderia jogar. Mas a gente falou que tem lugar para todo mundo, e informamos sobre a variedade de tipos físicos. Pode ser magro ou gordo cada um vai ter um lugar no time”.

Projetos e ambições

Além do Full Pad, o Salto Flames possui projetos ambiciosos para a próxima temporada. O principal atrativo será o intercâmbio de informações entre a equipes universitárioa do Canadá. Atualmente, o diretor da Felipe Von Zorgi está em território canadense para trocar experiências com equipes escolares e em breve trará novidades para o Brasil. “O Felipe ficou um ano no Canadá. Trabalhou numa escola canadense e irá trazer toda sua experiência para somar com nosso trabalho, disse Alexandre.
 
(Foto: Elton Santana)
O treinador afirma que o Salto Flames possui um projeto de inclusão do Futebol Americano nas escolas. Alexandre cita os trabalhos nas escolas estadunidenses como referência: “Hoje temos um projeto que é colocar o futebol Flag nas escolas. Queremos fazer como as dos Estados Unidos onde o esporte é sempre praticados pelos garotos. O projeto está na prefeitura e na próxima gestão vamos voltar a conversar para ver se conseguimos realizar nosso trabalho”.

Mesmo com tão pouco tempo de criação o Salto Flames já conquistou muitas pessoas e está crescendo no esporte. Mesmo assim, Alexandre diz que a equipe precisa de mais jogadores para disputar os campeonatos: “Começou a temporada 2013. estamos precisando de mais jogadores. Já temos um time muito forte, mas quanto mais gente tiver, melhor. E queremos jogadores de qualquer perfil. Desde os caras que acham que não tem como jogar que são os caras acima de 150 e 200 quilos até os magrelos são muito benvindos.

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