"O esporte em Itupeva já foi mais apoiado", é o que se pode ouvir dos funcionários e da própria população. Ultimamente, as pessoas participam do que é oferecido, porém não estão satisfeitas e sim, sem estímulo algum.
A região central da cidade possui apenas o Ginásio Municipal, e é nele que há a centralização da maioria dos esportes. Lá são praticadas modalidades como vôlei, futsal e basquete. "Este ginásio não está nem um pouco cuidado", disse umas das funcionárias que trabalham diariamente nesse local. É verdade: Arquibancadas sem tinta, quadra soltando o tablado, aparelhos que são utilizados em péssimas condições e banheiros pichados.
Adriana Arista, professora de Vôlei, disse que o número de alunos diminuiu significantemente . "As mães têm medo de deixar seus filhos saírem pelas ruas para se deslocar até o Ginásio", conta. Um dos motivos é a violência no trânsito, que gera acidentes e impede que os alunos frequentem os treinos.
As turmas que ali treinam são muito pequenas, cerca de seis alunos. Assim, para competirem há necessidade de contratação de jogadores de outras cidades. Mas não é por falta de alunos que queriam treinar, e sim pela dificuldade de locomoção. A Prefeitura disponibiliza ônibus, mas não são para todos os bairros e nem em todos os horários.
Se no centro, onde todos os eleitores estão olhando, a situação não é a ideal, o que será dos bairros afastados? A reportagem foi até os bairros do Independência e Monte Serrat, localizados, respectivamente, a 2,5 e 6 km do centro. Lá, a Secretaria Municipal de Esportes disponibiliza a prática de duas modalidades, handebol e futsal.
No Independência, uma única quadra de cimento é possível utilizar. O professor Guilherme Brito, de handebol, dá aula para crianças entre 10 e 15 anos, algumas do grupo já viajam para algumas competições. "As condições estruturais são precárias" comentou um dos professores. A quadra não é coberta e não há todo o material que é necessário para dar as aulas. Aliás, o material básico: jaleco e bola
Quadra no Independência: péssimas condições
(Foto: Mariana Barbi)
Já no Bairro do Monte Serrat, a situação é bem pior, segundo a professora Alessandra Gilioli. Tão desestruturado como o ginásio Adolpho Barbi, são as famílias dos garotos que ali treinam Futsal. A professora, que se considera amiga e psicóloga de muitos deles, conta que algumas crianças sofrem abuso sexual, tem mães e pais alcoólatras. Lá, tinha o Projeto Estado, do governo estadual, que além da prática esportiva distribuía alimentação para as crianças. De certa forma, era um atrativo. Hoje, com cerca de 50 alunos, nada mais é oferecido além das aulas de futsal.
Com apenas quatro bolas, é necessário que haja um jogo de cintura da professora para fazer com que todos os alunos participem das aulas. Na tentativa de melhorar a educação das crianças, Alessandra adaptou uma forma de punição: se alguém do time falar palavrão, é considerado pênalti para a outra equipe. Com o acúmulo de punições, alguns meninos podem ficar mais de uma semana sem participar das aulas. Não há competições externas que eles possam participar.
Para o diretor adjunto da Diretoria de Esportes, Valderi Folgosi, "a intenção para o próximo ano é fazer um projeto chamado Pré-Esporte, cujo intuito é levar um pouco de cada modalidade para os bairros distantes, tirando as crianças das ruas e, posteriormente, centralizar o treinamento daqueles que realmente tem potencial para que se crie um bom time e possa participar bem das competições", explicou.O que resta para os professores, alunos e população é esperar o novo mandatário, o prefeito eleito em outubro, Ricardo Bocalon, que prometeu mudanças significativas para o esporte.
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