Por Lucas de Camargo
É típico de qualquer esporte ter lembranças (agradáveis ou não). O futebol, que é taxado como "paixão nacional" no Brasil, proporciona algumas oportunidades como esta que vos apresento.
O COMANDO ESPORTIVO traz a coluna "O CRAQUE DE ONTEM...HOJE." Aqui teremos histórias de atletas do passado, atualmente. Compartilharemos o que eles vivenciaram na trajetória esportiva.
Arquivo pessoal.
30 anos após a última partida oficial (versus Restaurante Colombo-Itu).
Milton Antônio Soares, protagonista de hoje, nasceu em Boituva, no bairro Quilombo, dia 19/12/1957. As competições futebolísticas mais próximas eram realizadas no bairro Santa Cruz.
Miltão, como é conhecido na região, começou a participar de amistosos pelo próprio Santa Cruz, como lateral direito (depois beque central e quarto zagueiro), pelo segundão (time que geralmente atuava antes do principal, na rodada), aos 16 anos. De porte físico 'avantajado', beirava 1,80m. O 1º confronto oficial foi contra o Santo Antônio Futebol Clube, de Tietê. Ganhou um par de chuteiras do amigo Moacir Cristo Lica. O amistoso foi marcado não necessariamente pelo resultado (empate), e sim, por uma polêmica, após uma dividida entre Miltão com o adversário Darci Provazi (meia). Faltou pouco para que fosse gol (a bola bateu no travessão). Após o lance, Milton estava comentando com os companheiros de time algo do tipo "seria incrível marcar um gol, logo na 1ª partida, sem ser a obrigação dele em campo", quando Darci o agrediu pelas costas. Quem apaziguou a situação foi Adenir Sônego, atleta do Santa Cruz. O árbitro acabou nem vendo o caso.
Uma espécie de amistoso ida e volta, foi realizado entre o Bacana (Boituva) versus Combinado do São Bento (Sorocaba). Miltão integrou o elenco do Bacana, na segunda partida. Após a derrota em casa, por 1 a 4, o time boituvense superou expectativas, fazendo 5 a 2, no campo do adversário. Em outra ocasião, o segundão do Santa Cruz ganhava por 3 a 0. Ao entrar em campo, com o irmão Valmir, o xará Milton (Miltinho) e outros jogadores, como Jair, Percival e Toninho, a partida acabou em 11 a 0.
Em 1978, no campeonato 1º de maio, 4 times brigavam pelo título. O confronto foi disputado pelo Sorocabana (Iperó) x Itapetininga: vitória por 1 a 0. A outra semi-final: Sartorelli (Boituva) x Tatuzinho (Tatuí). Melhor para os boituvenses. Nesta final, Milton amargou derrota. No ano seguinte, entretanto, a possibilidade de revanche. O adversário inaugurou o placar, logo no início. Veio o 2º tempo e o empate da Sorocabana. Nos acréscimos, uma falta, de longa distância (praticamente no círculo central). Italiano, como era conhecido Silvestre, ex-jogador profissional, preparou-se para a cobrança. Era a chance da virada do time iperoense. O chute, com um efeito que fez a bola passar no limite entre as traves e a mão do goleiro oponente. Revanche concretizada.
Havia um certo padrão no estilo de jogo do clube Santa Cruz (por qual Miltão atuou por mais tempo). A equipe geralmente saía derrotada na primeira etapa e goleava na segunda. Tanto é que, numa temporada, o ataque santacruzense teve os três artilheiros da liga. Miltinho, camisa 9, com 23 gols; Zé Denardi, camisa 7, com 22 e Valmir, camisa 11, com 21.
Pelo histórico de truculência, muitos imaginariam que nosso protagonista sofreria constantes suspensões, por cartões (amarelos e/ou vermelhos). Por incrível que pareça, Miltão passou 4 temporadas (76/77/78/79) sem tomar punições. Exceto na última partida do torneio de 1979: o jogo desenrolava, quando fizeram falta nítida em Valmir, irmão de Milton. Então, ele deu um pontapé no primeiro adversário que passou perto. Levou amarelo. Uns 3 meses após o episódio, um rosto conhecido mostrou um machucado na perna, e perguntou se ele tinha conhecimento do que poderia ser. Após a negativa, a surpresa: era o resultado da agressão daquele último jogo da temporada. Ossos do ofício, segundo Milton.
Registro que era apresentado antes das partidas oficiais.
A escalação mais marcante, para ele: 1-Toninho; 2-Milton, 3-Pipo, 4-Édson e 6-Zé Moretti; 5-Ito, 8-Sanquetta e 10-Tavinho; 7-Zé Denardi, 9-Miltinho e 11-Valmir.
Arquivo pessoal.
Inauguração da iluminação do campo do Santa Cruz, em 2011.